A investigação com células estaminais em Portugal está entre as mais avançadas do mundo, nomeadamente em engenharia de tecidos e medicina regenerativa. “Estamos bastante à frente na expansão celular, temos um trabalho de muita qualidade na regeneração de osso, cartilagem e pele, por exemplo, e há muito trabalho ligado às células estaminais em neurociências.” Disse à Agência Lusa Luís Reis, presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular.
As células estaminais são divididas em dois grupos:
Embrionárias – são encontradas no embrião humano e são classificadas como totipotentes ou pluripotentes.
Adultas – são encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, placenta e cordão umbilical, entre outros. Estudos recentes mostram que estas células estaminais têm uma limitação na sua capacidade de diferenciação, o que limita a sua aplicação por parte dos especialistas.
Cada célula estaminal enquadra-se num dos seguintes grupos:
Células totipotentes – células capazes de originar qualquer célula embrionária e extra embrionária.
Células pluripotentes – células que podem produzir todos os tipos celulares do embrião excepto a placenta e os anexos.
Células oligopotentes – células com a capacidade de produzirem células de uma única linhagem celular (ex: linhagem de revestimento).
Células multipotentes – células que podem originar células de várias linhagens celulares.
Células unipotentes – células capazes de produzir apenas um tipo celular adulto.
No caso das células estaminais que se encontram no sangue do cordão umbilical, o seu isolamento e criopreservação (preservação utilizando baixas temperaturas) proporciona aos recém-nascidos e aos seus familiares a sua eventual utilização no tratamento de doenças que venham a contrair ao longo da vida. Numa das cinco empresas portuguesas dedicadas à criopreservação das células estaminais do cordão umbilical são já quase 25 mil os pais que decidiram guardar as células dos filhos por 20 anos, um serviço pelo qual pagam actualmente 1200 euros. A abertura recente no Avepark, nas Taipas (Guimarães), da sede do novo Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, de que é também director Luís Reis, é uma evidência do avanço científico existente em Portugal nesta área; segundo o próprio: “Fomos seleccionados por todos os outros membros do Instituto para assumirmos essa liderança, com critérios científicos, por sermos os mais produtivos e activos nessa área, e temos já pessoas de 25 países a trabalhar nele.”
Leis existentes em alguns países relativamente às células estaminais:
África do Sul - Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica. É o único país africano com legislação a respeito.
Alemanha - Permite a pesquisa com linhagens de células estaminais existentes e a sua importação, mas proíbe a destruição de embriões.
Brasil - Permite a utilização de células estaminais produzidas a partir de embriões humanos para fins de pesquisa e terapia, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de três anos. Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais. A comercialização do material biológico é crime.
China, Singapura, Coreia do Sul, Israel, Japão e Rússia - Permitem todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.
Estados Unidos - Proíbe a aplicação de verbas do governo federal a qualquer pesquisa envolvendo embriões humanos (a excepção é feita para 19 linhagens de células estaminais provenientes antes da aprovação da lei norte-americana). Contudo, estados como a Califórnia permitem e patrocinam esse tipo de pesquisa, inclusive a clonagem terapêutica.
França - Não tem legislação específica, mas permite a pesquisa com linhagens existentes de células estaminais embrionárias e com embriões de exclusão.
Índia - Proíbe a clonagem terapêutica, mas permite as outras pesquisas.
Itália - Proíbe totalmente qualquer tipo de pesquisa com células estaminais embrionárias humanas e sua importação.
México - Único país latino-americano, além do Brasil que possui uma lei que premite o uso de embriões. A lei mexicana é mais liberal que a brasileira, já que permite a criação de embriões para pesquisa.
Reino Unido - Tem uma das legislações mais liberais do mundo e permite a clonagem terapêutica.
Turquia - Permite pesquisas e uso de embriões de descarte, mas proíbe a clonagem terapêutica.